AMÉRICA LATINA

Convocados por Gustavo Preto, militantes sindicais fazem cerco à Suprema Corte da Colômbia

Lucas Ribeiro · 9 de Fevereiro de 2024 às 14:54 ·

Presidente colombiano, aliado de Lula e líder do Foro de São Paulo, chamou sindicatos para pressionar por nomeação de procuradores de justiça

Manifestantes convocados pelo presidente Gustavo Petro, incluindo membros da Federação Colombiana de Educadores (Fecode) e outros sindicatos, realizaram nesta quinta-feira (8) protestos em frente ao Palácio de Justiça, gerando tensão e bloqueando a saída dos magistrados da Suprema Corte de Justiça. A situação levou à intervenção da Esmad (polícia antidistúrbios da Colômbia), com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes e liberar o acesso ao edifício. O mandatário de extrema-esquerda quer indicar três procuradoras de justiça afins ao seu projeto político, e elas ainda não foram nomeadas na velocidade que Petro esperava.

O presidente socialista tentou incendiar a situação quando afirmou fazer um apelo em defesa do “voto popular”. Disse Petro:

Solicito aos professores e professoras da Colômbia, à força do saber, coordenar as juntas de organizações populares em cada município para defender a democracia e o voto popular”.

O apelo foi feito em resposta a um comunicado da OEA sobre a situação política da Colômbia. Após ter estimulado o caos e apoiado o acosso aos magistrados da Suprema Corte, ele fez um discurso mais apaziguador:

 “Corresponde-me apagar aqueles que querem acender incêndios. Os próprios magistrados quiseram que não se usasse violência e não há ataque contra os magistrados. O tempo que corresponde agora é à tranquila organização popular em todo o território do país. Não há mais pedido dos manifestantes que decência”.

Ou seja, após estimular os seus militantes raivosos a atacar a Suprema Corte, Petro disse que correspondia a ele “apagar incêndios”.

O ex-presidente César Gaviria criticou as ações de Petro, descrevendo-as como “atos ilegais, inconstitucionais”. Em um comunicado, Gaviria afirmou:

 “Os atos em que está incorrendo o governo do presidente Petro são ilegais e inconstitucionais. Eles agindo com atos violatórios da Constituição. Não só saiu do Estado de direito, mas está incorrendo em atos criminosos”.

A procuradora geral, Margarita Cabello Blanco, classificou a situação como muito grave, insinuando que os magistrados estavam praticamente sequestrados. Ela solicitou ações imediatas para proteger a vida e a integridade de todos no Palácio de Justiça. Em resposta, Petro pediu à procuradora que “não abusasse” de suas funções.

O Partido Conservador, por meio de suas redes sociais, condenou o bloqueio ao Palácio de Justiça, afirmando:

O bloqueio por parte dos manifestantes das portas do Palácio de Justiça é inaceitável. A separação dos poderes e o respeito à majestade da justiça é um princípio democrático. Não podemos confundir o direito ao protesto pacífico com as vias de fato e atos violentos como impedir a saída dos magistrados das Cortes e funcionários do Palácio”.

O presidente da Suprema Corte, Gerson Chaverra Castro, fez um apelo à sensatez, defendendo o direito legítimo ao protesto pacífico, mas condenando o bloqueio ilegal.

A jornalista Vicky Dávila comentou sobre os eventos no Twitter:

“O que aconteceu não foi decente, presidente Gustavo Petro. Confinar os magistrados e todos os funcionários do Palácio de Justiça é violência. Bloquear o Palácio de Justiça é violência. Queriam dobrar a Corte e não conseguiram. A justiça e a democracia se respeitam e se defendem, aí sim, com decência."

Os protestos foram marcados por tentativas de forçar a eleição de procuradores gerais alinhados com o governo socialista. A situação resultou em críticas de vários setores da sociedade e declarações oficiais tanto em apoio quanto contra as ações tomadas durante os protestos.

A recente estratégia de assédio e tentativa de invasão à Suprema Corte de Justiça em Bogotá, sob a batuta do presidente Gustavo Petro, evoca memórias de um passado turbulento na história política colombiana. Não é a primeira vez que Petro se vê envolvido em ações contra a Suprema Corte; remonta ao episódio dramático da Toma do Palácio de Justiça em 1985, quando o M-19, grupo guerrilheiro do qual Petro era membro, tomou a Suprema Corte Colombiana em uma ação violenta que resultou na morte de magistrados e em uma ferida profunda na democracia do país. Esse ato de terror não somente desafiou o Estado de Direito, como também manchou a relação entre a justiça e a política colombiana por décadas.

Também não é demais lembrar que a narrativa de "defender as instituições", frequentemente adotada por facções da esquerda na América Latina, como observamos em países como o Brasil, parece seguir uma conveniência política. Essa defesa ostensiva das instituições ocorre paradoxalmente enquanto se tenta manipulá-las ou controlá-las para servir a interesses políticos específicos. A situação em Bogotá contrasta com a postura da esquerda brasileira que trata qualquer crítica ao STF um ataque a “democracia”; e com certeza não veremos declarações indignadas dos petistas contra esse assédio que está acontecendo contra os poderes constituídos na Colômbia. Afinal, foi um aliado do Foro de São Paulo que promoveu o ataque.

 


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