POLÍTICA INTERNACIONAL

O avanço da extrema-esquerda nos EUA

Leandro Ruschel · 2 de Março de 2020 às 18:45 ·
O crescimento dos socialistas e comunistas nos Estados Unidos coloca todo o planeta em risco, abrindo caminho para projetos totalitários

É difícil comparar o sucesso dos Estados Unidos da América em promover a riqueza, a liberdade e o bem-estar dos seus cidadãos e do mundo com qualquer outra nação. O país foi criado com base nos princípios conservadores apresentados pelos Founding Fathers: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade, apresentado na sua Carta de Independência. Por sofrer a opressão de uma poder totalitário, onde havia a necessidade de pagamento de impostos, sem a representação no Parlamento britânico, os americanos se revoltaram e criaram uma Constituição que limitava o poder do Estado, além de fragmentá-lo através do Federalismo — a grande autonomia dos estados que formam a União — e da definição de uma série de direitos individuais, através do Bill of Rights, sedimentando a primazia da iniciativa individual sobre o arbítrio estatal.

Tal arranjo se mostrou altamente eficaz, favorecendo o enriquecimento através do livre mercado, suportado pelo Estado de Direito de fato. Também é preciso lembrar da profunda religiosidade dos americanos, que gerou um balanço entre o impulso egoísta da busca de uma vida melhor através do enriquecimento e a necessidade de ajudar os seus semelhantes em situação pior que a sua, demonstrado pelo volume colossal de doações à caridade observadas no país.

Ao longo dos seus mais de 240 anos, os EUA saíram da condição de uma pobre colônia inglesa para a maior potência econômica e militar que o mundo já viu, talvez comparáveis apenas ao Império Romano. Tudo isso através de um modelo de República, com alto grau de liberdade política conferido aos seus cidadãos. Em comparação, podemos apresentar a própria história do Brasil, que é um pouco mais jovem que os EUA, mas não conseguiu evoluir da mesma forma, por qualquer que seja a métrica utilizada.

Os EUA apresentam um PIB de mais de 20 trilhões de dólares, o que dá aproximadamente US$ 60 mil dólares por cidadão de criação de riqueza anual, o que é feito notável para um país de mais de 300 milhões de habitantes. Sua moeda é a reserva mundial de valor. Suas forças armadas são as mais poderosas do mundo, sendo que o orçamento militar americano é maior que a soma do orçamento do resto do mundo. É o país mais aberto em números absolutos, recebendo mais de um milhão de imigrantes por ano. Hoje, o país concentra mais da metade de todos os milionários do mundo. Para o andar de baixo, a situação também não é ruim. O desemprego é baixo, e um chapeiro do McDonald’s tem um salário médio de US$ 2,300, mais de R$ 10 mil.

Com dados assim, seria fácil imaginar que poucos americanos estariam dispostos a mudar o modelo político e social vigente no país. Aparentemente, esse não é o caso. Nas últimas décadas, pode ser observado o crescimento da extrema-esquerda nos EUA, que busca a implementação de um sistema socialista no país. O principal argumento utilizado é que a prosperidade americana não beneficiou a todos na mesma proporção, “deixando para trás” os mais pobres. Ou seja, o problema não é que os pobres estejam ganhando menos, mas seus rendimentos não cresceram na mesma proporção dos ricos [1].

É verdade que houve uma estagnação dos rendimentos da classe média americana nas últimas décadas, mesmo assim num patamar muito alto em relação ao resto do mundo, num fenômeno complexo, que envolve o envelhecimento da população, a globalização da economia e, especialmente, o crescimento do estado, que vem aumentando impostos, gastos e regulação sistematicamente desde a criação do país [2].

Para se ter uma ideia, nem existia imposto de renda no país até 1861, instituído pelo governo federal para arcar com os custos da Guerra Civil. Desde então, a carga tributária vem crescendo década a década, apesar dos cortes iniciados pelo governo conservador de Ronald Reagan. Mais importante que o crescimento dos impostos, temos o aumento exponencial das regulações [3] , dos gastos estatais e da concentração de poder pelo governo federal, ameaçando cada vez mais o federalismo, exatamente como previu Thomas Jefferson durante a formação do governo de Washington.

Se há um “culpado” pela diminuição do ritmo de crescimento dos EUA nas últimas décadas, não é a falta de estado, mas o seu crescimento tumoral. Mas esse fenômeno é muito mais difícil de explicar para o cidadão médio. As ofertas de um projeto socialista sempre são muito mais atraentes: tudo de graça, pago pelos “ricos exploradores”. Não é uma proposta nova, mas continua enganando trouxas, assim como o golpe do bilhete premiado.

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