OCIDENTE EM FÚRIA

Entenda por que Rothbard apoiaria Bolsonaro

Paulo Kogos · 8 de Março de 2024 às 21:57 ·

Paulo Kogos escreve: “Enquanto Bolsonaro defende a vida dos inocentes e a linha-dura contra os bandidos, Lula tenta liberar o assassinato intrauterino e manter soltos o máximo de bandidos que puder (incluindo ele próprio) ao mesmo tempo em que desarma o povo”
 

O economista, historiador e filósofo político Murray Rothbard (1926-1995) é considerado um dos maiores e mais radicais expoentes mundiais do libertarianismo. Criador do termo “anarcocapitalismo”, defendia a total abolição do Estado, de forma tal que os serviços como defesa, justiça e utilidade urbana devessem ser providos pela concorrência de mercado. Sua ética baseia-se no princípio da autopropriedade do indivíduo sobre seu próprio corpo e sobre os recursos apropriados originalmente. Para ele, o princípio da não-agressão (PNA), que veda a iniciação de agressão ou fraude contra não-agressores, seria o fundamento inviolável da propriedade privada e das trocas de mercado. Segue de suas ideias que qualquer imposição política seria antiética, desde tributação e regulações até a própria democracia em si, já que consiste na incitação massiva de violação da propriedade privada de uma minoria por uma maioria.

Embora eu não concorde com a metaética rothbardiana, considero suas conclusões econômicas e, ao menos no que tange à democracia e ao Estado moderno, suas conclusões políticas, quase irretocáveis. Infelizmente, porém, muitos libertários fanáticos e ideológicos interpretam mal as ideias de Rothbard ao mesmo tempo em que o consideram um ídolo infalível. Eis aqui uma combinação extremamente danosa. Para este grupo, que denomino liberteens, qualquer coisa vinda de agentes do Estado seria algo antiético. Eles reprovam que libertários se candidatem, prestem concurso público, votem, e em casos mais graves até mesmo que acionem a Polícia Militar ou a Justiça estatal em caso de crime. São revolucionários inconsequentes que agem como se a realidade e a concretude das circunstâncias individuais atuais não fossem concernentes à ética. Vivem em uma utopia quimérica mais típica de um comunista romântico que de alguém que alega ter estudado um excelente economista como Rothbard. O pior idólatra é aquele que não conhece sequer o próprio ídolo.

Murray Rothbard não apenas defendia o voto e a participação política como também fazia campanha para os candidatos que ele considerava menos ruins. Os principais candidatos das eleições presidenciais americanas de 1992 eram o democrata Bill Clinton e o republicano George H. W. Bush, o Bush pai. Sabemos que democratas e republicanos são duas faces da mesma moeda globalista e maçônica a serviço dos banksters mas sempre há uma alternativa que dá ao povo uma janela de liberdades e promoção de virtudes maior. Escreveu Rothbard que Bush pai tinha a vantagem de não ser o Clinton. Elogiou sua postura parcimoniosa em relação aos Bálcãs (Clinton cometeria atrocidades na Sérvia poucos anos depois) e ao Oriente Médio. Alertou ainda que Clinton pressionava por uma agenda de multiculturalismo, relativismo moral e social-ambientalismo baseado na mentira das mudanças climáticas antropogênicas. Previu ainda a ameaça de alçar a tenebrosa Hillary Clinton e sua agenda antifamília à proeminência política (anos depois ela seria responsável por escândalos tremendos atentatórios à segurança nacional dos EUA). O economista declarou ainda que uma vitória de Bush não seria o refrigério das almas que resultaria de uma contrarrevolução libertária, mas atrasaria as hordas malignas da esquerda por quatro anos.

A distância que separa o capitão de artilharia Jair Messias Mito Bolsonaro do piqueteiro e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva é ainda maior que aquela entre Bush e Clinton. Enquanto o militar da reserva enfrentou seu próprio ministro da economia Paulo Guedes para impedir a taxação de dividendos e aumento da carga tributária, Lula e seu poste Haddad não cessam de estourar o teto de gastos, esmagar o povo com mais impostos e endividar nossos descendentes. Enquanto Bolsonaro defende a vida dos inocentes e a linha-dura contra os bandidos, Lula tenta liberar o assassinato intrauterino e manter soltos o máximo de bandidos que puder (incluindo ele próprio) ao mesmo tempo em que desarma o povo. O capitão adotou uma política externa prudente e sagaz, garantindo os suprimentos e a demanda do nosso agronegócio enquanto o mensaleiro financia ditaduras comunistas e invasores de terra, confessando odiar o agricultor. O membro do PL foi um campeão das liberdades individuais enquanto o petista que defendeu a ditadura sanitária hoje mergulha o país na censura e até na prisão de inocentes da oposição.

Se Rothbard estivesse vivo e morando no Brasil, certamente estaria na Avenida Paulista com uma camiseta do Bolsonaro exortando os libertários a apoia-lo apesar de todas as discordâncias que o economista anarcocapitalista naturalmente teria das posições neoconservadoras do capitão.

A ideia é muito simples. Se queremos restaurar um equilíbrio de poderes entre os indivíduos suas governanças, temos que transferir poder da expressão político-institucional para a expressão social-demográfica. Isso é impossível se entronizarmos ideologias acima de pessoas reais e concretas que sofrem aqui e agora com a tirania maior dos mandatários da esquerda. Estamos numa guerra, situação onde não há saídas perfeitas e isentas de risco e dano colateral. O que podemos fazer é atrasar o avanço inimigo e preservar nossas fileiras o máximo possível para seguir lutando. Rothbard escreve que o verdadeiro libertário não relativiza seus parâmetros morais na presença de governos. Se, para defender nossa família, não deixaríamos de nos aliar a um xerife imperfeito e até criminoso para combater terroristas mil vezes piores, não podemos agir de forma negligente quando é a liberdade do povo que está em jogo.

Rothbard comenta que o caso Watergate, escândalo de corrupção que eclodiu em 1972 e envolveu o governo do presidente Nixon, forçado a renunciar em 1974, lhe deu esperanças de que as pessoas se revoltariam contra o sistema estatal. Ora, os escândalos envolvendo Lula, do Mensalão ao Radiolão, fazem Nixon parecer uma freira carmelita. E a ditadura sanitária engendrada contra o povo e contra Bolsonaro foi ainda mais danosa e aviltante moralmente. Lula chegou a dizer que era bom que a Covid-19 fizesse estragos incitar uma revolta contra o capitalismo. Infelizmente, porém, algumas pessoas ficaram anestesiadas moralmente e não apresentam mais a injusta indignação. Aqueles que se mantiveram isentos diante da escolha entre Bolsonaro e Lula perderam completamente o senso de proporção e de decência. Os libertários ideológicos que se acovardaram durante a ditadura sanitária e seguem nesta ante-sala do inferno que é o limbo da apatia não estão apenas vilipendiando a memória de seu ídolo Murray Rothbard. Estão traindo o povo e a Pátria, atraindo para si a cólera de Deus Todo-Poderoso.

Paulo Kogos é economista, professor, empresário e a apresentador do canal Ocidente em Fúria.

 


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