BRASÍLIA

Em café com jornalistas apoiadores, Lula ataca mercado financeiro

Paulo Briguet · 23 de Abril de 2024 às 17:51 ·

Ocupante da Presidência voltou a praticar alguns dos seus esportes favoritos: atacar o mercado, reclamar de Campos Neto e criticar a meta fiscal

O ocupante da Presidência da República, Lula da Silva (PT), ofereceu um café a jornalistas apoiadores nesta quarta-feira e voltou a atacar o mercado financeiro. Lula não hesitou em criticar a condução da política monetária pelo Banco Central e a ênfase excessiva na austeridade fiscal.

Um dos pontos centrais do discurso de Lula foi a discussão em torno da sucessão de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central e a postura da instituição frente às pressões do mercado. Lula questionou as sinalizações de Campos Neto em relação à política monetária, especialmente no que diz respeito aos possíveis cortes na taxa Selic diante do aumento do risco fiscal. Campos Neto encerrará o seu mandato à frente do BC em dezembro.

“Quem já conviveu com Roberto Campos um ano e quatro meses não tem nenhum problema de viver mais seis meses. O que eu espero é que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco”, disse Lula.

Ao comentar sobre a taxa de juros, o presidente disse que quem perde com a Selic alta é a população brasileira e não os empresários.

“Com todo o respeito do mercado. Eu gosto mais do Brasil do que o mercado. Eu quero mais ter um futuro despeito do que o mercado. E o meu papel é fazer as coisas para que 203 milhões de brasileiros possam levantar todo dia de manhã.”

Diante de seus amigos da imprensa, Lula voltou a praticar um de seus esportes favoritos: criticar a meta fiscal.

“A única coisa que parece investimento é superávit primário; então eu tenho dito que tem que ser contratado os filólogos do mundo inteiro para definir o que é gasto ou investimento. Tem duas coisas que fazem um país crescer, investir em educação, e a outra é ter crédito. O problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto. Emprestar dinheiro para pobre é gasto, colocar dinheiro na saúde é gasto, colocar dinheiro na educação é gasto. A única coisa que não é gasto é superávit primário. A única coisa que se trata como investimento é isso. O que é gasto? Eu sempre brigo com isso porque nós discutimos coisas no Brasil que as vezes são secundárias.”

Essas posições de Lula não passaram despercebidas pelo mercado, como evidenciado pela reação negativa no desempenho do Ibovespa e nas projeções macroeconômicas divulgadas pelo Boletim Focus. A bolsa brasileira registrou queda, enquanto as expectativas de inflação e de taxa de juros foram revisadas para cima.

É possível que Míriam Leitão explique por que isso é bom...

 

 

 


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